Episódio 2 – Armazenamento: é para minha empresa?

Segundo episódio do ABSOLAR Inside traz o potencial de mercado das soluções de armazenamento e as perspectivas para o setor


O novo episódio do ABSOLAR Inside aconteceu no dia 27 de agosto, e apresentou a pergunta “Armazenamento: é para minha empresa?”. Para responder essa e outras dúvidas, o âncora e Coordenador do GT de Armazenamento da ABSOLAR, Markus Vlasits, se juntou aos convidados Marcel Haratz, CEO da Comerc ESCO, e Mathias Becker, Diretor-sócio da PowerHaus. Com apresentação da jornalista Priscila Brandão, o programa teve mais de 2.700 inscrições e ainda colocou em pauta as mudanças do setor causadas pela pandemia e o impacto sobre o potencial de mercado das soluções de armazenamento.

Confira abaixo o conteúdo técnico de tudo o que aconteceu neste segundo episódio da série.

Armazenamento é presente e futuro


O ABSOLAR Inside começou respondendo a uma dúvida do setor: armazenamento é só coisa do futuro? E a resposta de Markus Vlasits foi que o segmento já tem projetos implantados e está presente no País, principalmente, após a realização do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel. Marcel complementou a fala do âncora ao informar que a Comerc ESCO fundou a Micropower Comerc, a primeira empresa a oferecer serviço de bateria cobrando a parcela da economia de energia do consumidor. “Já temos cinco projetos no Brasil, levando economia, confiabilidade e soluções inovadoras para o mercado”, disse.

Como o cenário de Covid-19 está afetando o mercado de energia elétrica no Brasil?


Não há como falar do setor no presente sem comentar sobre o fator que rege o mundo todo no momento: a crise causada pela Covid-19. “Atravessamos uma das maiores pandemias da humanidade e precisamos debater como ela afeta a questão energética, a aplicação e a evolução de sistemas de armazenamento”, afirmou Markus.

No vídeo que Mathias Becker concedeu ao ABSOLAR Inside, foi destacada a queda significativa da demanda de eletricidade neste ano, o que gera desafios regulatórios. No entanto, segundo o Diretor-sócio da PowerHaus, esta redução deve se restabelecer ao longo do tempo. Com a pandemia, o planeta teve uma nova consciência sobre o meio ambiente – o que pode causar mais demandas de geração de energias sustentáveis e armazenamento.

Markus complementa a fala de Mathias relembrando o que foi dito no primeiro episódio do programa: o armazenamento traz liberdade e independência energética à sociedade neste momento de consciência. “Gostaria que o bilhete da autonomia nos ajude a viabilizar projetos, mas, sobretudo, ajude a melhorar a conta de eletricidade de usuários”, comentou.

Para Marcel, a bateria é um facilitador da inserção das energias renováveis na matriz energética brasileira, pois possibilita o armazenamento da energia solar gerada durante o dia e seu uso à noite. “Energia solar e bateria estabelecem uma parceria muito boa, na qual o consumidor pode produzir, ou prossumir energia”, complementou.

Papel da pandemia diante da procura por energias limpas


Mathias Becker informou em seu vídeo que a demanda por energia sustentável certamente trará maior procura por armazenamento. Por outro lado, há o impacto econômico nas empresas para que estas tecnologias sejam, de fato, introduzidas. Segundo o convidado, é possível que haja atraso nessa introdução, mas que a Covid-19 terá o papel de impulsionar a tendência no médio prazo. Para Markus, o reflexo da pandemia não é tão óbvio, mas enxerga o surgimento do tema da “sustentabilidade” com mais intensidade.

“Em alguns países e parcelas da sociedade, acontece uma mudança de perspectiva nesse sentido, com a facilitação de políticas públicas para armazenamento de energias renováveis. No curto prazo, o desafio prioritário é reerguer empresas e implementar medidas de ganho de competitividade e, nesse sentido, o armazenamento terá seu lugar” disse o âncora.

De acordo com Marcel, a redução do preço de bateria também é uma tendência, puxada pelo aumento da demanda pela eletromobilidade. Carros elétricos alimentados por energia solar fotovoltaica se beneficiariam em cenário de dificuldade de abastecimento com combustíveis fósseis, como vivenciado este ano em períodos de lockdown.

Principais dúvidas dos telespectadores são respondidas pelos convidados


Durante dois momentos do programa, a jornalista Priscila Brandão abriu espaço para que os convidados respondessem perguntas feitas pelos telespectadores. Confira abaixo:

Como está a viabilidade de projetos de armazenamento com Tarifa Branca?

Markus Vlasits: A Tarifa Branca é uma modalidade voluntária para consumidores de energia em baixa tensão, sendo uma opção de tarifa mais barata fora da ponta e mais cara na ponta durante a noite. Há a possibilidade de benefícios em aplicações de armazenamento para esta tarifa. Projetos em baixa tensão, por exemplo, ganham muita viabilidade, quando acoplados a sistemas fotovoltaicos com o bônus de evitarem o consumo da rede e poderem armazenar energia para uso durante a ponta.

Marcel Haratz: A Tarifa Branca implica baterias um pouco menores e, consequentemente, mais caras. O armazenamento deste porte é mais difícil de ser viabilizado em comparação a projetos de médio porte. A lógica de aplicação faz sentido e o uso de bateria como forma de backup resulta na redução do uso do diesel, redução de custos de combustível e ganhos de sustentabilidade. O backup com sistemas de armazenamento é mais ágil que o uso de geradores a diesel, que requerem tempo de partida e, desta forma, reduzem-se riscos de falta de suprimento de eletricidade em atividades essenciais que poderiam ter perdas de insumos e produtos ou impactos à saúde humana.

Já existe alguma solução de armazenamento para ser usada em parques híbridos ou associados?

Marcel Haratz: Existem várias tecnologias, como Íon-litio, mais utilizada em carros, e baterias de fluxo, como Iron Flow e Vanadium Flow. As baterias que descarregam muito, tem como consequência a degradação e a redução da vida útil. Para aplicações de carga e descarga constante, recomenda-se a bateria de fluxo.

Na visão de vocês, existe alguma tecnologia além de baterias e usinas reversíveis que pode ser considerada competitiva no curto e médio prazo?

Markus Vlasits: Sim, as tecnologias de Fluxo, Ion-Lítio e Chumbo Ácido são as mais competitivas.

Marcel Haratz: Desconheço outras soluções competitivas. O fundo de investimento investiu recentemente em armazenamento por energia cinética, então teremos outras tecnologias e tempo de maturação até sua competitividade.

Teriam informações sobre o procedimento correto de segurança para a atuação de uma brigada de incêndio em edificações com sistema de armazenamento e energia fotovoltaica no telhado?

Markus Vlasits: Sistemas mal instalados podem pegar fogo. Em tese, não gostaríamos que a brigada de incêndio fosse acionada. Tecnologias têm perfis de risco diferentes e bateria de ferro-fosfato tem estabilidade maior. O conjunto de componentes de sistemas de armazenamento precisa ter segurança própria, tanto por software de detecção de aquecimento, como sistema automatizado de combate a incêndio, incluso em sistemas de armazenamento de primeira linha. Se tudo der errado, normas existem, por exemplo, nos mercados dos Estados Unidos e Alemanha. Nos EUA, o Corpo de Bombeiro tem desenvolvido normas técnicas em caso de incêndios de baterias de lítio.

Marcel Haratz: Cabe acrescentar que, muitas vezes, fabricantes não autorizam que instalações sejam feitas dentro de prédios, para minimizar problemas.

Desafios para investimento no mercado de armazenamento


Mathias Becker revelou que existem três frentes estratégicas para a aceleração do mercado de armazenamento:

  1. Regulatória: explorando vantagens em aumentar qualidade de fornecimento pelo uso de sistemas de armazenamento e potencialização de uso de energias intermitentes;
  2. Financiamento: hoje recursos são financiados em conjunto com sistemas de geração ou sistemas de distribuidoras para redes. Reconhecimento do valor de serviços ancilares ajudará a estabelecer condições ideais de financiamento;
  3. Debate sobre conhecimento: disseminando o entendimento de que o armazenamento é versátil e tem funções para aplicações específicas.

Marcel complementou dizendo que o tema “financiamento” precisa ser mais abordado, há a necessidade de criação de linhas específicas. É preciso intensificar o debate sobre o uso da bateria em múltiplas aplicações, como o gerenciamento da demanda de grandes consumidores e o suprimento de eletricidade em usos finais agrícolas como a irrigação, reduzindo a dependência do diesel. Segundo Markus, é preciso enxergar on-grid e off-grid de formas distintas quando se fala na questão regulatória. A bateria apresenta benefícios para os usuários, pois também estabiliza a rede.

“Subsidiamos a geração em sistemas isolados na conta de combustíveis fósseis; gastamos bilhões de reais na CCC, mas optamos por tributar a bateria em 80%. Tributamos insumos estratégicos que poderiam estar evitando o consumo e os gastos em combustíveis fósseis e temos debatido muito a importância sobre evolução de marco regulatório, considerando pouco destaque do PNE sobre o tema”, explicou o âncora.

Salas privativas


Durante o ABSOLAR Inside, os telespectadores puderam participar de duas salas privativas com diferentes conteúdos, apresentados pelos parceiros BV e Ecori. Confira o que rolou em cada uma:

Sala BV – Financiamento para Energia Solar BV. Soluções rápidas e simples para financiar seu projeto

Na sala da BV, a Diretora do Meu Financiamento Solar, Carolina Reis, apresentou a nova plataforma, adequada para instaladores e integradores que ofertam linhas à clientes. Com o serviço, que será lançado em 1º de setembro, será possível acompanhar propostas em tempo real. A plataforma ainda possui vários simuladores: de financiamento, simulador solar e de parcelas, além do status de propostas pendentes, aprovadas e recusadas – com a opção de que estas sejam salvas para que possam ser posteriormente revertidas. Os leads aprovados são direcionados aos parceiros. O diferencial do financiamento solar é que o processo é totalmente digital, com 0,69% de juros ao mês e parcelas em muitos casos inferior ao que o cliente pagaria na conta de eletricidade. As taxas não variam de acordo com perfil do cliente.

Como integrar o simulador da BV em meu site?
A BV fornece um código-fonte para rodar em outros sites, sendo possível simular em tempo real. O uso do simulador é gratuito.

É preferível atuar por correspondente bancário ou por meio do financiamento BV?
Com o financiamento BV, há uma equipe especializada para conduzir propostas e converter clientes. Entre em contato pelo e-mail contato@meufinanciamentosolar.com.br.

Sala Ecori – Segurança e eficiência em instalações de pequenos a grandes sistemas

A sala da Ecori contou com a apresentação do Rodrigo Matias, Diretor Comercial da Ecori, que falou sobre a solução de microinversores APSystems, que simplificam o projeto do sistema fotovoltaico. A solução conta com nível de proteção IP67 e potting. Com o sistema, é possível monitorar cada módulo fotovoltaico remotamente, garantindo uma maior facilidade na detecção e prevenção de falhas. Durante a sala privativa, a Ecori também apresentou as soluções de equipamentos Solaredge, que, com desmembramento em vários pequenos dispositivos, otimizadores e inversores, apresenta um grande paralelo entre segurança e eficiência, reduzindo o custo de sistema. Como mecanismo de segurança, utiliza o Safe DC, para a redução automática do nível de corrente contínua do sistema em caso de falhas.

Qual a eficiência dos inversores?
Com base em estudos imparciais de entidades renomadas no setor, como o da NREL: “Photovoltaic Shading Testbed for Module-Level Power Electronics: 2016 Performance Data Update”, os microinversores geram mais energia e têm um desempenho muito maior que inversores String.

Quais os benefícios de se investir em microinversores para sistemas fotovoltaicos?
Atualmente, com a pandemia de Covid-19, muito se fala sobre investimentos seguros, que devem se basear em três pilares: maximizar receitas, diminuir despesas e mitigar riscos. Pilares que, segundo a Ecori, são atingidos com o investimento em microinversores. Há aumento de receita, na medida que há maior geração de energia, e a possibilidade de inclusão de mais módulos fotovoltaicos, principalmente em telhados com características de recorte nos quais é mais difícil se instalar sistemas String.

Como seria feito o SPDA para as plantas FV?
Em uma residência, é possível ter um sistema de ar-condicionado, um sistema de água, um sistema fotovoltaico, entre outros. O SPDA, da mesma forma, é um outro sistema, portanto, quem instala o sistema FV, não é obrigado a instalar este sistema. Se houver a necessidade de um SPDA, é possível que o integrador notifique o cliente, ou até mesmo indique uma empresa.

Afinal, o armazenamento é para a minha empresa?


De acordo com Markus Vlasits, podemos enxergar o mercado de energia em baixa e média tensão cativas e alta tensão no mercado livre e off-grid. Se a sua empresa é consumidora de média tensão cativa – como shoppings, restaurantes e clínicas – a resposta é sim. No Nordeste do Brasil, as condições tarifárias favorecem ainda mais o armazenamento. Outras aplicações viáveis, são em sistemas fotovoltaicos off-grid de médio e grande porte para atividades agropecuárias e de mineração.