Principais dúvidas dos telespectadores são respondidas pelos convidados
Durante dois momentos do programa, a jornalista Priscila Brandão abriu espaço para que os convidados respondessem perguntas feitas pelos telespectadores. Confira abaixo:
Existe a possibilidade de utilização de carros elétricos para arbitragem entre as tarifas ponta e fora ponta?
Markus Vlasits: Este é um ponto de aplicação interessante. Nos Estados Unidos, se chama “vehicle to grid” e já há projetos-piloto no Japão e na Dinamarca. Este segundo é um país pequeno, com bastante geração eólica, que é uma fonte energética intermitente. Baterias tanto estacionárias como móveis são usadas para gerenciar esta energia. Em um futuro não muito distante, consumidores, como nós, pagaremos tarifas binômias mais baratas de dia e mais caras à noite. Poderemos carregar nosso veículo elétrico de dia e utilizar energia à noite. O veículo elétrico prestará serviço de estabilização à rede. Por exemplo, o carro elétrico é carregado durante um jantar em um restaurante e potencialmente torna o jantar “grátis” por estar prestando serviços à rede.
Marcio Takata: O veículo elétrico fará parte de recursos elétricos distribuídos. A monetização para esse tipo de aplicação depende de regulação.
Quais seriam as aplicações diferentes à off-grid que o Marcio comentou? Quais os tipos aplicáveis aos consumidores B?
Markus Vlasits: Aplicações conectadas à rede se distinguem entre atrás do medidor e em frente do medidor. Em relação ao grupo B, são atrás do medidor, onde vislumbramos três funcionalidades básicas: injetar energia em momentos em que a eletricidade é muito cara, fazer gestão da demanda e fazer backup de energia. No caso do grupo B, mencionamos no episódio anterior sobre a possibilidade da tarifa branca, na qual aplicações são válidas. Em muitos locais turísticos brasileiros, a qualidade de energia é baixa, o que beneficia o backup.
Marcio Takata: Um exemplo de backup na classe B foi utilizado na Greener e está sendo fundamental. Temos atividades sensíveis a prazo, nas quais a falta de energia tem forte impacto. Neste caso, o retorno de investimento em sistema de armazenamento se mostra muito grande, nos garantindo a possibilidade de mantermos nossas atividades em caso de queda de energia. Grande parte de consumidores em média tensão fazem uso de tarifas diferenciadas por horário. A solução de arbitragem é modelo de negócio bastante atrativo para diferentes regiões e concessionárias do Brasil, em progressão à redução do Capex dos sistemas de armazenamento. A redução de demanda é outra aplicação interessante. Em caso de limitações de acesso à rede de distribuição, soluções de armazenamento podem aumentar a autonomia do consumidor.
Markus Vlasits: Duas aplicações interessantes no médio prazo são os serviços ancilares, com o uso de bateria não apenas para que usuário se proteja contra oscilações, mas que estabilizem a rede para terceiros. Outro exemplo é a introdução do PLD horário, que acontecerá no ano que vem, no qual consumidores terão preço diferenciado a cada hora.
Poderiam comentar também sobre armazenagem utilizando processos mecânicos e/ou térmicos, além dos eletroquímicos?
Markus Vlasits: Quando falamos de armazenamento não-eletroquímico, temos processos mecânicos, térmicos e também o exemplo de PCHs reversíveis, por meio do armazenamento de água. Há vários projetos de armazenamento mecânico, a partir do uso de blocos de concreto. São instalações grandes, enquanto baterias eletroquímicas são compactas e práticas.