Energia solar integrada à construção (BIPV) é tema da última edição do ABSOLAR Inside


O novo episódio do programa digital ABSOLAR Inside foi ao ar na última quinta-feira, 19 de agosto, colocando em pauta a energia solar fotovoltaica integrada à construção, conceito conhecido como BIPV (Building Integrated PhotoVoltaics). A jornalista Priscila Brandão esteve ao vivo junto ao âncora Marcio Takata, Conselheiro Regional Nordeste da ABSOLAR. Os dois receberam como convidados Rogerio Duarte, Gerente de Vendas e Marketing para a América Latina da Kromatix S/A; e Clarissa Zomer, Professora de pós-graduação e fundadora da Arquitetando Energia Solar.

Junto aos parceiros convidados Carolina Reis, Diretora Comercial do Meu Financiamento Solar; e Guilherme Negamine, Diretor Executivo da L8 Energy, eles comentaram sobre sistemas solares fotovoltaicos como substitutivos de materiais construtivos em janelas e até em coberturas de estacionamentos. O Portal Solar também é parceiro do programa ABSOLAR Inside, mas não pôde estar presente no programa.

Confira abaixo tudo o que aconteceu no episódio:

Tecnologia BIPV é novidade no Brasil e uma realidade no exterior


Segundo Marcio Takata, apesar dos projetos solares integrados à construção civil ainda estarem em fase inicial no País, eles têm um potencial gigantesco. “Sob o aspecto de mercado, o Brasil conta com um atraso em relação ao resto do mundo para a chegada de tecnologias, onde o BIPV já se difunde de maneira rápida”, disse. Por conta da distância do conceito BIPV em relação à realidade do mercado, muitas construtoras já estão buscando informações sobre esta tecnologia.

Durante o programa, a ABSOLAR apresentou um vídeo especial com os principais modelos de Building Integrated PhotoVoltaics ao redor do mundo e os diferentes tipos de edifícios que utilizam esta tecnologia com soluções arquitetônicas incríveis.

Beleza e criatividade são aliadas da aplicação de módulos BIPV


De acordo com Clarissa Zomer, nem só de coberturas vivem os módulos fotovoltaicos na arquitetura. Fachadas de edifícios podem ser compostas por módulos BIPV opacos ou translúcidos, que favorecem o resultado estético. Além disso, é o único acabamento utilizado em edifícios que se paga com o tempo por meio da comercialização de energia.

Como funções arquitetônicas, os módulos BIPV embelezam, protegem, geram energia e aumentam a eficiência térmica do edifício. A arquiteta ressaltou ainda que o projeto da edificação precisa já “nascer” com a integração fotovoltaica, sendo considerado o uso da tecnologia BIPV desde as primeiras fases do projeto. “Para que o uso desta tecnologia avance nos edifícios é necessário derrubar as barreiras, difundindo o conhecimento sobre suas aplicações, impactos e como elaborar o projeto de forma adequada”, disse.

Segundo Guilherme Nagamine, existem paletas de cores para módulos integrados, permitindo que se alcance uma maior harmonia estética. Além disso, há módulos reflexivos que deixam a luz solar entrar parcialmente, mas seguram os raios infravermelhos, reduzindo o aquecimento do ambiente. Alguns revestimentos térmicos são instalados com um espaçamento de 15 cm das paredes do edifício, o que também traz conforto térmico. A flexibilidade dos módulos que utilizam a tecnologia de filmes finos também contribui para seu uso na arquitetura, pois isto permite que ela se molde aos diferentes contornos do edifício.

Eficiência e durabilidade dos módulos integrados podem ser mais altas do que a dos módulos convencionais


Rogerio Duarte mencionou que a eficiência dos módulos utilizados em fachadas varia entre 17% e 19%, dependendo da cor e da tecnologia. Estes módulos aproveitam melhor a radiação difusa em relação aos módulos fotovoltaicos convencionais, que não foram projetados para operar em 90° em relação ao solo. Nestas condições, um módulo BIPV gera cerca de 40% mais energia do que um módulo convencional de mesma potência nominal. “Neste tipo de projeto não só a eficiência do módulo é considerada, mas também a estética, logo, deve-se buscar um posicionamento que permita um equilíbrio entre estética e eficiência”, afirmou.

Os módulos para Building Integrated PhotoVoltaics são projetados como elementos construtivos, portanto, são feitos para ter uma longa vida útil. A durabilidade varia com a tecnologia. Como comparação, um módulo fotovoltaico convencional tem garantia entre 20 e 25 anos. Um módulo construído para ser um elemento construtivo deve apresentar uma durabilidade ainda maior.

Principais dúvidas dos espectadores são respondidas pelos convidados


Durante o ABSOLAR Inside, a jornalista Priscila Brandão abriu um espaço para que os convidados respondessem algumas das perguntas que os espectadores fizeram no chat do programa. Confira:

O mercado está preparado para o crescimento de módulos fotovoltaicos especiais para as fachadas de prédios?

Guilherme Nagamine: o potencial brasileiro é muito grande em relação à integração solar nos edifícios. É importante espalhar o conhecimento aos consumidores e profissionais do ramo para que a tecnologia BIPV seja difundida.

Existe diferença hoje nos financiamentos para projetos de energia solar integrada à construção?

Carolina Reis: estas linhas específicas de financiamento ainda não existem. A elaboração delas ainda depende de um maior conhecimento da mão de obra utilizada no processo de instalação e das tecnologias utilizadas.

É possível financiar projetos de energia solar fotovoltaica integrada à construção pelo Meu Financiamento Solar?

Carolina Reis: Sim, sob as mesmas condições das instalações fotovoltaicas tradicionais.

 

É muito importante que essa tecnologia seja assimilada pelos arquitetos. Há a necessidade de que a estética não seja colocada em segundo plano. O que pode falar quanto à eficiência desses módulos verticais, ou seja, seu rendimento?

Rogerio Duarte: a fachada não só recebe radiação solar direta do sol, mas também difusa ao longo do dia. Os módulos BIPV são projetados para operar nestas condições. A eficiência depende da cor e da tecnologia do módulo, mas em geral sua eficiência varia entre 17% e 19%.

A eficiência desta tecnologia já se compara aos painéis solares convencionais?

Marcio Takata: as soluções de BIPV foram desenvolvidas para a utilização em 90°, aproveitando melhor a radiação difusa. Isto trouxe um ganho de eficiência para suas utilizações específicas.

Guilherme Nagamine: a comparação deve ser feita da maneira correta. Esta tecnologia foi desenvolvida para ser utilizada em fachadas verticais, por isso, absorve melhor a radiação difusa e é menos sensível aos efeitos do sombreamento, quando comparada aos painéis solares tradicionais.

Essa tecnologia é considerada no programa de eficiência energética como o Procel Edificações? Como seria essa certificação?

Rogerio Duarte: sim. A tecnologia BIPV segue a mesma certificação dos módulos fotovoltaicos tradicionais, é validada e certificada pelo Inmetro e é classificada em termos de eficiência energética.

Quais as perspectivas do uso do BIPV no Brasil?

Guilherme Nagamine: é um mercado que está começando no Brasil, mas que já tem um apelo muito grande no exterior. O Brasil terá grandes oportunidades de emplacar o BIPV, mas para isto é preciso quebrar os paradigmas no País.

Em que momento do planejamento da obra o arquiteto deve realizar o estudo de BIPV?

Rogerio Duarte: desde a fase inicial do projeto. A consideração do uso de BIPV desde a fase inicial da obra irá encarecer o empreendimento em cerca de 2% a 3%. Porém, este valor será reembolsado com o passar do tempo já que há a substituição de um revestimento passivo por outro gerador de energia.