Principais dúvidas dos espectadores são respondidas pelos convidados
Durante o ABSOLAR Inside, a jornalista Priscila Brandão abriu um espaço para que os convidados respondessem algumas das perguntas que os espectadores fizeram no chat do programa. Confira:
Muita gente pensa em financiar, mas tem medo das parcelas serem mais pesadas do que eles já pagam na conta de luz. É possível ter um financiamento com parcelas estendidas, por exemplo?
Carolina Reis: sim, o conceito ideal para fazer a venda de financiamento é estender o prazo. A linha de financiamento do BV tem opções de parcelamento em até 84 vezes. Essa parcela se aproxima ou fica inferior ao pagamento da conta de luz. As empresas do setor precisam passar a mensagem que o financiamento de sistemas solares tem características diferentes, ou seja, não tem um desembolso inicial, não tem custo de manutenção, o retorno é imediato e faz sentido financeiro. Atualmente, mais de 50% das vendas de sistemas solares são financiadas e esse número tende a aumentar ainda mais.
A solar fotovoltaica e a mobilidade elétrica também são sinérgicas e todos podemos contribuir para que elas se apoiem. Vocês concordam que, caso cada grande gerador puder oferecer pontos de recarga, ambas crescerão muito juntas?
Rodrigo Sauaia: primeiro ponto de oportunidade de sinergia, não existe competição entre o mercado de solar e de distribuição, ambos podem se apoiar. As distribuidoras que podem ajudar a construir rede de postos de recarga, podem fazer com que estes sejam abastecidos por fonte solar. É mais barato e mais sustentável, havendo ganhos múltiplos. Ambos mercados têm grandes oportunidades de negócios e podem potencializar um ao outro.
O Portal Solar é uma importante fonte de notícias e se tornou franquia esse ano. Como o aquecimento do mercado de construção está puxando o movimento de franquias?
Rodolfo Meyer: há uma demanda cada vez maior por parte dos arquitetos. Percebe-se que a energia solar está sendo pensada já no planejamento da casa e não mais como uma adaptação a ela. Isso aquece bastante o mercado de franquias. No entanto, o que aquece o mercado de franquia, na verdade, é a crise hídrica. É um momento em que a energia solar fotovoltaica é mais competitiva, o mercado de baterias está crescendo e a mobilidade elétrica está se somando à realidade. A imprensa está noticiando a deficiência energética e necessidade por energia barata.
Como as empresas podem participar para poder instalar os sistemas de energia solar em conjuntos habitacionais para tentar popularizar ainda mais a solar e democratizar a todos?
Leonardo MacDowell: a CDHU, como empresa pública, desenvolve projetos que são licitados. Não existe licitação específica para a energia solar fotovoltaica, pois é o construtor que se torna responsável por fazer a compra de equipamentos. É preciso atuar junto às pessoas responsáveis pela construção da obra.
Quais são as principais diferenças entre inversores on-grid e off-grid?
Nelson Stanisci: on-grid é o sistema conectado à rede e off-grid o sistema que não está conectado à rede. Do ponto de vista dos inversores, o inversor on-grid é uma fonte de corrente e o inversor off-grid precisa ser uma fonte de tensão. Tem-se visto inversores híbridos que têm as duas funções. Dessa forma, há três topologias diferentes de inversores: on-grid, off-grid e híbrido.
Temos uma faixa entre a moradia popular e as residências das classes B e C que precisam recorrer a financiamentos bancários. Milhões de residências poderiam produzir energia por meio de sistemas solares fotovoltaicos. Qual a política de redução de impostos, juros e financiamentos de longo prazo?
Carolina Reis: é fundamental que existam linhas de financiamento público, por mais que o BV tenha prazo de financiamento estendido de 84 vezes que permite que esse público acesse. Atualmente, 48% da renda das pessoas que solicitam financiamento têm renda inferior a R$ 5.000,00.
Rodrigo Sauaia: pelo lado da carga tributária, foi citada a questão de impostos. Ainda existe carga tributária sobre equipamentos de sistemas solares fotovoltaicos e sobre as baterias. Isso afeta duas pontas: as conectadas à rede e os sistemas off-grid. Os impostos podem aumentar o preço de baterias de 70% a 80%. A ABSOLAR tem levado recomendações de baixar a carga tributária da bateria para aproximar a tecnologia da população. Os sistemas fotovoltaicos têm isenções, como a de ICMS e Imposto de Importação (II), mas têm incidência de PIS/COFINS, que somados representam de 10% a 12% – o que também poderia ser reduzido. Em momento de crise hídrica, o governo poderia fazer três ações: baixar carga tributária sobre os equipamentos; abrir mais opções de financiamento público; e realizar campanha de comunicação para a utilização de energia limpa e renovável.
Qual orientação poderia ser dada às empresas integradoras para que consigam ofertar financiamento na hora de vender?
Carolina Reis: muitas empresas do setor, que entraram para o mercado de energia solar fotovoltaica, estão aprendendo como funciona o ecossistema e não têm prática de vender financiamento. O BV tem um trabalho legal de ensinar a vender financiamento, como chegar ao cliente com proposta e mostrar os benefícios que o financiamento traz. O integrador deve, ainda na proposta, apresentar algo que faça sentido tanto para o vendedor como para o cliente. A questão de a parcela ser menor ou igual ao valor pago pelo cliente na conta de luz também é um diferencial.
O Portal Solar, que já está em várias regiões do Brasil, tem observado um crescimento da energia solar nas classes mais populares?
Rodolfo Meyer: o interesse da classe popular sempre existiu. O preço do equipamento caiu e a energia solar fotovoltaica foi se tornando acessível. A demanda está sendo vertical em todas as classes. Sem dúvida, linhas de financiamentos privadas e públicas acabam tornando os sistemas solares mais viáveis também.
Os inversores para sistemas solares fotovoltaicos têm sido aprimorados constantemente. Como a Huawei Solar vê o mercado de off-grid para esses inversores?
Nelson Stanisci: no mercado off-grid, há grandes avanços dos últimos anos e os inversores têm avançado gradativamente, como todos os componentes da energia solar. No entanto, para esse mercado, as baterias são as que se destacam, além das novas tecnologias, como as de íons de lítio, que têm vida útil maior e ocupam menos espaço. No programa MLA, as instalações são em lugares remotos e a manutenção nesses sistemas é crítica. Por isso, sistemas mais confiáveis são preferidos para esse tipo de instalação. Os inversores tiveram avanço tecnológico, mas o grande protagonista são as baterias.
Neste cenário de crescimento das alternativas da geração de energia solar, no que tange as soluções dos sistemas fotovoltaicos off-grid, como estão os estudos ou avanços tecnológicos das baterias?
Paulo Cerqueira: atualmente, a bateria no sistema off-grid é o ponto crucial. A evolução atual são as baterias de íons de lítio, que apresentam duas características que, para as regiões remotas, são as principais: espaço de ocupação menor com peso mais reduzido; e capacidade de ciclagem, com ciclo e durabilidade maiores. Há informações de que existem outras tecnologias em desenvolvimento, como a bateria de plasma. Hoje em dia, o mercado respondeu às baterias de íons de lítio, que são usadas tanto no nosso celular como nos veículos elétricos e, agora, nas instalações off-grid.
Sobre a questão de baterias, existem projetos mais robustos em que não é mais preciso usar o gerador em caso de queda de energia e usar baterias em indústrias, grandes construções ou até mesmo condomínios?
Paulo Cerqueira: da parte do ministério, o País possui uma produção de energia elétrica limpa e renovável. Quando aumenta o volume de usinas de grande porte, existe o problema das fontes solar fotovoltaica e eólica serem fontes intermitentes e isso implica na intermitência na rede elétrica. Para isso, estão sendo estudados e implantados grandes sistemas de armazenamento, que atenderiam tanto a questão da estabilidade quanto o armazenamento da energia. Talvez o custo ainda não seja competitivo, mas isso é só questão de tempo.
Rodolfo Meyer: a bateria não só é utilizada para estabilizar as redes, mas também é utilizada em termos de confiabilidade. Elas são mais confiáveis do que geradores a diesel. Grandes data centers utilizam sistemas de baterias, pois a sua capacidade de entrar em milissegundos é melhor.
Nelson Stanisci: a aplicação da bateria pode ser de armazenamento junto à fonte de geração. Isso resolve o problema da intermitência. Também há a aplicação de baterias em sistemas stand-alone, melhorando a qualidade dos sistemas e posterga os investimentos em novas redes. A bateria junto à carga reduz o consumo de energia no horário de ponta, presta serviço ancilar à rede e como funciona como backup.