Episódio 1 – A oportunidade está perto ou ainda longe?

O primeiro episódio do ABSOLAR Inside foi ao ar no dia 18/08/2020. A jornalista Priscila Brandão apresentou o programa ao lado do âncora e Coordenador do GT de Armazenamento da ABSOLAR, Markus Vlasits. Os convidados Rodrigo Sauaia, Presidente Executivo da ABSOLAR; Rodrigo Pedroso, CEO do Grupo Pacto Energia; e Jos Theuns, fundador e diretor da ATEPS, falaram sobre o panorama do armazenamento de energia no Brasil e no mundo. A estreia do programa em formato de TV ao vivo teve mais de 2.000 inscrições e abriu as portas para mais oportunidades de formatos revolucionários de informação de qualidade dentro do setor. Confira abaixo o conteúdo técnico de tudo o que aconteceu neste primeiro episódio.

O segmento de armazenamento e a transformação do setor elétrico


No início do programa, Markus Vlasits comentou sobre a capacidade que o armazenamento tem de transformar o setor elétrico. Segundo o âncora do ABSOLAR Inside, o segmento já realizou este efeito em países como Alemanha, Coreia do Sul e China. No Brasil, a Aneel implantou um programa relacionado a armazenamento, que já possibilitou a implementação de pelo menos vinte iniciativas. Vlasits considera a tecnologia estratégica, pois resulta em negócios promissores.

Rodrigo Pedroso comentou sobre a participação do Grupo Energia em um projeto piloto que o governo americano está desenvolvendo no Brasil. Uma tecnologia específica de baterias de fluxo está sendo desenvolvida para o projeto, que visa atendimento de consumidor no horário de ponta, com o carregamento de baterias pela produção de eletricidade em sistemas fotovoltaicos, entregando energia ao cliente em horário de pico. Essa pode ser uma visão de futuro no segmento.

Segundo Rodrigo Sauaia, acreditava-se no passado que a tecnologia fotovoltaica tinha apenas aplicações específicas e viabilidade no futuro. Este equívoco tem se repetido no caso do armazenamento. A versatilidade do armazenamento pode ser vista como um canivete suíço para o setor elétrico, servindo a aplicações de pequeno a grande porte.

Jos Theuns fala sobre o papel do armazenamento no aumento da receita de sistemas fotovoltaicos


No primeiro vídeo que o empresário holandês Jos Theuns concedeu exclusivamente ao ABSOLAR Inside, foi destacado como o armazenamento pode ajudar no aumento da receita de sistemas fotovoltaicos com uso de energia em horários de ponta. Markus Vlasits comentou que os benefícios informados por Theuns se referem ao sistema “atrás do medidor”. “Armazenar energia da concessionária fora da ponta é capaz de gerar benefício, assim como gerenciamento da demanda contratada”, afirma.

Outro grande benefício é o de “aposentar” os geradores à diesel ao servir como backup de sistemas de energia em momentos de falha na rede. De acordo com o âncora, o sistema de armazenamento dará autonomia ao produtor de energia solar fotovoltaica com opções de armazenar e vender energia excedente.

Principais dúvidas dos telespectadores são respondidas pelos convidados


Durante dois momentos do programa, a jornalista Priscila Brandão abriu espaço para que os convidados respondessem perguntas feitas pelos telespectadores. Confira abaixo:

Como tem avançado a regulação para inversores híbridos? Já é possível desenvolver sistemas de geração distribuída com armazenamento utilizando esta tecnologia?

Markus Vlasits: O inversor híbrido é um tema estratégico, que trará maior competitividade aos sistemas fotovoltaicos. Porém, do ponto de vista de normas técnicas, há ainda uma lacuna em termos de regulamentação, resultando na falta de segurança a investidores.

Há críticas à tecnologia de lítio e outras tecnologias por não terem processos de reciclagem adequados. As tecnologias de armazenamento são de fato sustentáveis?

Markus Vlasits: Baterias são muito diferentes quimicamente. O primeiro ponto a se observar é o cobalto – material problemático em termos de mineração e produção. Desta forma, o primeiro objetivo seria reduzir e eliminar o cobalto.
O segundo ponto é a reciclagem de lítio, que ainda não foi efetuada dado o tamanho reduzido do mercado. Há processos comprovados de reciclagem de lítio em baterias usadas e estes serão implementados com aumento da escala de produção de baterias. Uma aplicação positiva é a segunda vida de baterias de carros elétricos, para uso estacionário e, posteriormente, uma terceira vida na reciclagem e reaproveitamento das substâncias.
Sem dúvida, a reciclagem é a área de desenvolvimento e que envolverá esforços na melhoria da cadeia do Lítio, assim como a cadeia de reciclagem do Silício deverá ser aprimorada para a cadeia fotovoltaica.

Rodrigo Pedroso: Não basta que baterias sejam recicláveis, elas têm que ser de fato recicladas. Precisa-se criar as cadeias para esta atividade.

Rodrigo Sauaia: O Plano Nacional de Resíduos Sólido é uma lei que exige responsabilidade com descarte de resíduos de tecnologias. O setor fotovoltaico já começa a dar exemplo e fabricantes já possuem certificação de ciclo fechado. Sistemas fotovoltaicos e de armazenamento tem muito valor ao final de sua vida útil.

O crescimento do armazenamento da energia solar deixará o consumidor final mais livre? Será viável também para os pequenos consumidores?

Markus Vlasits: Temos projeto em ecoresort no qual o suprimento de energia elétrica é pouco confiável. Desejo por liberdade será fator importante para impulsionar decisão por soluções completas.

Rodrigo Pedroso: Gostaria de comemorar quando o consumidor de eletricidade for independente das concessionárias. O setor solar não pode ser medido em anos e sim em meses, por conta do dinamismo. A modernização do setor elétrico tem sido muito forte. Sem dúvida, teremos smart grids e possibilidade de bairros estarem desconectados do sistema, gerenciando e intercambiando energia internamente.

Rodrigo Sauaia: Há casos de consumidores que não conseguem aumentar produção por falta de acesso adequado à energia da rede, cuja decisão depende da distribuidora. Existe um mercado importante de consumidores que querem produzir mais, para os quais armazenamento aliado a energia fotovoltaica seria oportunidade.

Facilidades e desafios da implementação de armazenamento no Brasil


Para Markus Vlasits, a tendência é que a redução de preços de baterias continue, dada a alta demanda global e o aumento da cadeia produtiva deve gerar economia de escala, o que será muito positivo para o setor solar fotovoltaico. No caso do Brasil, a tributação é um desafio. Optou-se por tributar de forma pesada as baterias; o custo para a nacionalização destes equipamentos supera os 80% do valor total, o que inviabiliza muitos projetos.

Rodrigo Pedroso comentou que espera que diferentes tipos de investimentos sejam disponibilizados, pois a tecnologia já está madura para ir ao mercado. O “boom” da geração fotovoltaica a partir de 2015 se deu por viabilidade econômica, visto que os desafios tecnológicos já estavam superados. De acordo com o convidado, o desafio agora é ter project finance apropriado e arcabouço econômico para suportar esses projetos.

Jos Theuns comenta sobre a dificuldade de regulação ao redor do mundo


Em seu segundo vídeo, Jos Theuns falou sobre a dificuldade de aconselhar mudanças regulatórias em outros países. A regulação do setor elétrico é muito antiga em alguns lugares do mundo, como na Holanda. O empresário aconselha que ocorra a diferenciação de premissas de sistemas “atrás do medidor” e “na frente do medidor” e quem injeta energia na rede poderia ter incentivos.

Markus Vlasits complementou dizendo que o comentário de Theuns traz consolo no sentido de que o desafio de adequar o marco regulatório é global. É preciso regras claras sobre conexão de sistemas de projetos atrás do medidor, inexistentes hoje. Em relação a projetos na frente do medidor, é importante quantificar seus benefícios ao setor elétrico e gerar modelos de remuneração e contratação desses serviços. Há demanda reprimida para eles.

Rodrigo Pedroso informou que o Grupo de Trabalho de Armazenamento da ABSOLAR tem trabalhado constantemente para aprimorar o tema.

Tecnologia de NCM de Lítio é tema de terceiro vídeo de Jos Theuns


Jos Theuns falou sobre o uso da tecnologia de NCM de Lítio, a tecnologia mais bem sucedida. O empresário informou que há certa dificuldade em inserir outras tecnologias dado o custo de pesquisas. Segundo ele, o custo de desenvolver baterias apenas para um nicho encarece pesquisas e o valor final.

Markus Vlasits comentou que o Brasil não precisa esperar uma revolução tecnológica para mostrar viabilidade de armazenamento. “A bateria de lítio tem propriedades fascinantes, como descarga total sem que seja danificada”, afirmou. A mobilidade elétrica tem requisitos específicos: alta densidade elétrica e possibilidade de carga e descarga.

Rodrigo Sauaia complementou dizendo que, além do aprimoramento na regulamentação, financiamento e tributação, há trabalho importante em normativas técnicas, de forma a garantir que requisitos técnicos sejam atendidos e produtos superem expectativas de consumidor em qualidade e segurança.

Salas privativas


Durante o ABSOLAR Inside, os telespectadores tiveram a oportunidade de duas salas privativas para participarem. A BV Financiamento e Ecori foram as empresas responsáveis por cada uma. Confira o que rolou em cada uma:

Sala BV – Financiamento para Energia Solar BV
Na sala da BV, o Superintendente Daniel Monteiro informou que a empresa preza pelas parcerias e visão da remuneração do ecossistema pelos serviços prestados. É o quinto maior banco privado do Brasil, com ações no atacado e varejo, e atua em linhas para pessoa física. A BV informou que financia equipamento e ainda mão de obra de sistemas fotovoltaicos, que consideram ser a lacuna do mercado. Daniel divulgou que promovem financiamento de 100% do projeto e prazo de 90 dias para primeira parcela, além de 72 meses para o pagamento total e taxas de 0,75% ao mês. Para mais informações, entre em contato pelo e-mail solar@bv.com.br.

Sala Ecori – Desmistificando sistemas fotovoltaicos com microinversores
Na sala da Ecori, João Paulo Souza, especialista em energia solar fotovoltaica, falou sobre microinversores. Ele afirmou que o componente de confiabilidade é usado para sistemas interdependentes, nos quais falhas em componentes específicos podem gerar reações em cadeia. Este não é o caso dos sistemas fotovoltaicos com microinversores, já que cada componente funciona em paralelismo. Assim, no caso de mau funcionamento de um módulo ou inversor, os demais não falharão.

Segundo João Paulo, os microinversores não se aquecem excessivamente ao serem instalados no telhado, como se pensa, e nem são mais caros. A respeito do valor, é importante realizar uma análise completa. A Ecori colocou que é possível avaliar cada componente individualmente, o que torna muito mais fácil fazer um diagnóstico do sistema e identificar um possível problema, como sombreamento, por exemplo. Em alguns casos, a fácil identificação da ocorrência pode eliminar uma manutenção mais complexa.